Instrumentos musicais na adoração dos cristãos

Recebemos uma pergunta sobre o uso de instrumentos musicais na adoração dos cristãos. O irmão mencionou o teor da conversa de que participava num grupo online de estudo bíblico. Ele tinha feito bons argumentos e, ao pedido dele, só reforcei as suas palavras. Não as repeti na nossa resposta, que damos abaixo, editada para publicação separada.

Nesse assunto dos instrumentos de música como forma de adoração, é importante ressaltar a diferença entre as alianças antiga e nova. Não podemos importar coisas da antiga para a nova sem que haja autorização explícita por Jesus ou pelos apóstolos e profetas (quer dizer, o Novo Testamento).

A música instrumental era ligada à adoração no templo, ao sacrifício de animais. Trazer uma coisa para a nova implica em trazer todo o sistema antigo. Não se pode importar uma sem se obrigar a importar tudo. Nisso, aplica-se o mesmo princípio na obrigatoriedade da circuncisão: "De novo declaro a todo homem que se deixa circuncidar, que está obrigado a cumprir toda a Lei" Gl 5.3 NVI. Quem recorre ao instrumento de música na adoração também está obrigado a observar toda a Lei mosaica.

Tem gente que se baseia no Antigo Testamento e nos Salmos para justificar suas práticas. O Salmo 150 é muito citado. Mas o livro faz parte da antiga aliança com Israel. Veja quantas referências a Israel, Judá, Jerusalém (tb. como Sião), o templo, etc. Nada diz respeito a Jesus como nosso mediador. Há, obviamente, muitos princípios válidos, verdades a respeito de Deus e como ele trabalha entre os homens. Mas o livro dos Salmos não é nossa carta orientadora como cristãos; nenhum livro do Antigo pode ser citado como nosso modelo. Somente o Novo Testamento serve para estabelecer para os discípulos o que se deve fazer na vida em Cristo, na obra da igreja, e na adoração a Deus.

Junto com isso é a questão de como a Bíblia autoriza nossos atos. Ela faz como praticamos no dia-a-dia. Somente o que é autorizado é permitido. Por exemplo, a receita médica não proíbe, por nome, os medicamentos que o farmacéutico tem como passar para o paciente, mas sim autoriza apenas o remédio que está mencionado nela. É o que chamamos de o princípio da especificação, que a carta de Hebreus deixa bem explícito em Hb 7.12-14:

Certo é que, quando há mudança de sacerdócio, é necessário que haja mudança de lei. Ora, aquele de quem se dizem estas coisas pertencia a outra tribo, da qual ninguém jamais havia servido diante do altar, pois é bem conhecido que o nosso Senhor descende de Judá, tribo da qual Moisés nada fala quanto a sacerdócio.

Nada se dizia a respeito da tribo de Judá para o serviço sacerdotal; portanto, Jesus era desqualificado como sacerdote sob a aliança antiga. A lei especificou a tribo de Levi. Todas as outras, portanto, eram proibidas de servir nessa função. Sem haver menção de outra tribo, os não levitas não podiam participar assim dessa forma.

A mesma lógica, portanto, que permite o uso dos instrumentos de música na adoração dos cristãos também permite — e mais, obriga — o uso de outros itens da antiga aliança, tais como incenso, o sacrifício de animais, as festas anuais, e a adoração no templo em Jerusalém. Quem está pronto para tanto?